O processo Requisitos Visuais
Nem histórias de usuário, nem casos de uso, requisitos funcionais agora podem ser trabalhados só em diagramas, com visualização da estrutura!
Nem histórias de usuário, nem casos de uso, requisitos funcionais agora podem ser trabalhados só em diagramas, com visualização da estrutura! Mais clareza, mais produtividade, mais conforto de pensamento.
Introdução
Saí da reunião com o gestor do sistema e outros da área com tudo definido e ninguém usou a palavra “caso de uso”. E nem precisei explicar nenhum dos três diagramas que usei. Foi quando eu tive certeza conclusiva de que meu processo tinha qualidade. Neste artigo apresento uma introdução ao processo que possibilitou essa agilidade.
Sugiro que você leia previamente esta introdução ao diagrama de estrutura funcional.
Trabalhando sem textos
Éramos terceirizados trabalhando no cliente em um sistema muito grande e complexo, cuja metodologia era uma variante do RUP e portanto baseada em casos de uso elaborados em documentos textuais. Inesperadamente caiu no nosso colo uma demanda urgente, que envolvia uma funcionalidade nova e impactos em várias outras. E a gerente estava fora, parecia simplesmente não ser possível. Mas não fazer não era uma opção.
Juntei um colega de requisitos, um do desenvolvimento e outro do teste e mãos à obra. A carta que tínhamos na manga era um processo de modelagem de requisitos que usava somente diagramas. Em dois dias intensos conseguimos entregar o serviço; além da agilidade de trabalhar em modo visual e estruturado, ajudou o fato de eu ter implementado a conversão dos diagramas para texto: o documento para a nova funcionalidade, em formato de caso de uso, teve 100% de sua estrutura e cerca de 50% do conteúdo (incluindo referências cruzadas!) gerados automaticamente.
Meses antes, eu tinha feito um teste público desse processo, por assim dizer. Na primeira reunião para detalhar uma nova demanda, de complexidade média para alta, levei impressos em formato A3 com três diagramas:
- um modelo de dados
- uma máquina de estados com as situações possíveis do objeto de negócio central da demanda
- um diagrama que eu tinha descoberto, chamado de estrutura funcional, que até então usava só no âmbito da equipe.
Toda a discussão foi feita sobre os diagramas. Não só ninguém sentiu falta de outros formatos como nem precisei explicar nenhum dos diagramas para o gestor.
O diagrama de estrutura funcional foi a base do novo processo; saiba mais sobre ele neste artigo.
Do trabalho diário com esse processo nasceu o projeto Requisitos Visuais. Ele é independente de qualquer metodologia, ao mesmo tempo em que permite o aproveitamento de conhecimentos por exemplo de histórias de usuário e casos de uso, como vamos mostrar.
Estrutura do processo
O diagrama de estrutura funcional, trabalhado em conjunto com um modelo de dados e uma máquina de estados, chamada de ciclo de vida [de objeto de negócio], compõem um processo para modelagem de requisitos funcionais, chamado de Requisitos Visuais.
O processo de Requisitos Visuais também está modelado visualmente; a figura abaixo mostra uma vista parcial do seu diagrama. Alguns dos objetos estão “fechados”, isto é, eles têm elementos em seu interior não exibidos.
O modelo de objetos de negócio usado no processo Requisitos Visuais, como a Estrutura Funcional, também adota a perspectiva do usuário, e é uma combinação aprimorada do modelo de entidades e relacionamentos e do diagrama de classes. Por exemplo, relacionamentos não precisam ter dois sentidos, como no caso de tabelas de domínio. O que é conhecido como entidade fraca de fato está em um nível abaixo dos demais objetos, como por exemplo Item de Pedido para Pedido, e visualmente o que é dependente fica dentro do seu pai. Em outras palavras, um modelo de dados, do ponto de vista do negócio, não é um plano, mas sim uma estrutura. Simplificações estruturais e visuais.
Esse diagrama é muito importante em vários contextos e para várias finalidades. Por exemplo, um sistema tem várias relações entre suas camadas e seus componentes; essas relações ficam explícitas no diagrama do processo.
Para finalidades didáticas, a maior importância desse diagrama é que ele funciona como um integrador de aprendizagem: todo o conteúdo programático está representado nele. O ensino tem que segmentar o conteúdo para que ele possa ser ensinado e aprendido, mas a aplicação do conteúdo na vida prática requer uma visão integrada, que esse diagrama supre magistralmente.
Integrações
As informações para os requisitos funcionais podem vir de múltiplas fontes em formatos variados, como e-mails, atas de reunião, conversas informais. No caso de histórias de usuário, há uma fragmentação inerente. Além disso, pessoas diferentes podem ter informações diferentes em seus registros pessoais.
Os diagramas do processo Requisitos Visuais possibilitam um ponto de convergência único para os requisitos funcionais: se for comportamento, por exemplo, deve estar no diagrama de estrutura funcional. Os modelos, portanto, funcionam como organizadores e integradores de requisitos funcionais.
E o que os envolvidos já dominam, como casos de uso e histórias de usuário, também pode ser aproveitado; a figura a seguir mostra essa estrutura.
O processo de Requisitos Visuais também se encaixa bem onde já há um processo de requisitos. Na nossa experiência com RUP, o que ocorreu foi o aumento da produtividade tanto da modelagem quando da redação de documentos, que passou a ser apenas redação técnica. Destaco a produtividade da colaboração, sempre muito mais ágil quando temos uma representação visual de informações; as divergências são bem localizadas na estrutura e portanto, e na ausência de resistências não objetivas, podem ser resolvidas rapidamente.
A separação de modelagem e documentação também abre a possibilidade de se ter redatores técnicos, de menor custo e que podem atender a várias equipes, enquanto os analistas se concentram mais na sua função.
Um benefício magistral
Trabalhamos em várias empresas que usavam RUP, e o processo de trabalho tinha diferenças em cada uma, o suficiente para haver uma curva de aprendizagem para cada novo membro da equipe.
Contamos no artigo sobre a estrutura funcional que esse modelo permite a automatização da geração de documentos, em estrutura e conteúdo. Com o processo completo aqui introduzido, mais conteúdo pode ser gerado.
A geração automática de documentos abre uma possibilidade extremamente interessante: a adoção de um processo único de trabalho em uma empresa, e os documentos contratuais seriam gerados automaticamente. Nesse sentido, já geramos, além de documentos de caso de uso, também documentos customizados sobre os próprios diagramas do processo Requisitos Visuais. Usando nossa API de extração, conversão e geração de conteúdos e documentos (todo este site foi gerado automaticamente a partir de arquivos do Word), é relativamente fácil a elaboração automática de documentos textuais e para a Web.
Na nossa opinião, e com base no que já observamos, uniformização e estabilidade do processo de trabalho de uma empresa nesse nível são de valor inestimável.
Veja também:
Introdução ao Diagrama de Estrutura Funcional
Um novo diagrama para trabalho visual e estruturado de funcionalidades
Curso presencial de Requisitos Visuais
Treinamento capacitativo para o processo Requisitos Visuais